Nathan Cooley Keep

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Nathan Cooley Keep!

Estamos em 7 de abril de 1847, Cambridge, Massachusetts.  Nathan CoolNK1ey Keep é um eminente médico especializado em dentista e fervoroso entusiasta da utilização do éter como complemento anestésico na extração de peças dentárias.
Desta vez, o Dr. Keep resolve utilizar os seus conhecimentos “anestésicos” em Obstetrícia. A parturiente é Fanny AppletNK2on Longfellow, segunda mulher do famoso poeta Henry Wadsworth Longfellow. Durante o parto, Fanny inalou através do aparelho desenhado por Keep. Nunca perdeu a consciência mas não sentiu dores durante o parto. Deu à luz uma menina saudável tendo decorrido todo o procedimento sem qualquer acidente. A satisfação da mãe foi enorme pelo que escreveu…
“I am very sorry you all thought me so rash and naughty in trying the ether. Henry’s faith gave me courage and I had heard such a thing had succeeded abroad, where the surgeons extend this great blessing much more boldly and universally than our timid doctors. Two other ladies, I know, have since followed my example successfully and I feel proud to be the pioneer to less suffering for poor, weak womankind. This is certainly the greatest blessing of this age and I am glad to have lived at the time of its coming and in the country which gives it to the world, but it is sad that one’s gratitude cannot be bestowed on worthier men than the joint discoverers, that is, men above quarreling over such a gift of God. As one of my brother’s lady friends abroad, a pious, noble woman, says, one would like to have the bringer of such a blessing represented by some grand, lofty figure like Christ, the divine suppresser of spiritual suffering as this of physical.”NK3
Nathan Cooley Keep não esteve presente em outubro de 1846 na demonstração dos efeitos do éter realizados por Morton em Boston, mas deve ter sido inspirado por este acontecimento. Em 3 de abril de 1847, já descrevia 200 casos da aplicação de éter em extrações dentárias. Insistia frequentemente que o éter deveria ser “perfeitamente puro” e que “o aparelho por onde os doentes inalavam deveria ter um reservatório, um bucal de forma e dimensões convenientes e uma válvula junto deste bucal que permitia a passagem do vapor para a boca e pulmões do doente mas que evitasse que os gases expiraNK4tórios se acumulassem no aparelho”. Voltou a administrar éter em 18 de abril a um doente que sofria de dores intensas no abdómen.
 Há 150 anos atrás quando a anestesia ainda não tinha estatuto de especialidade, já alguns ilustres médicos se preocupavam em anestesiar grávidas para evitar o sofrimento do parto. Em 2017 a realidade mostra que apesar da evolução extraordinária das técnicas anestésicas, a analgesia/anestesia do parto ainda não é um direito de todas as grávidas.

 Na próxima semana, descubra porque é que Martinus Van Marum, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!