Sob o desígnio da crise, aqui está a edição 2013-2014 do nosso Manual de Procedimentos.
Sem nada que a desvalorize em relação às anteriores, continua a fazer prova de vida e inicia a sua distribuição no preciso momento em que a Unidade de Dor Aguda do Serviço de Anestesiologia do IPOLFG completa 20 anos.
Não poderíamos desejar melhor cenário para assinalar a efeméride do que este editorial.
Ambos – Unidade de Dor Aguda e Manual de Procedimentos – tiveram que nascer em difíceis condições e assegurarem a sua sobrevivência em simultâneo com o indiscutível propósito de serem úteis, responderem a lacunas que identificámos na nossa actividade e exibirem níveis de qualidade que os sustentassem.
Por isso mesmo, em relação a eles, a palavra crise faz-nos sorrir e vai-nos motivando para outras iniciativas.
Habituámo-nos a sonhar com o futuro sem garantias de presente e aprendemos a obrigarmo-nos, no mínimo, ao máximo.
Verdadeiramente, teremos começado em 1990 ao iniciarmos no nosso País a utilização da “Analgesia Controlada pelo Doente (PCA)”, sem qualquer consciência do caminho que iríamos percorrer nem dotados da necessária preparação mental para algumas das dificuldades que, nos primeiros tempos, se fizeram sentir.
Mas foi excelente termos percebido que muitos duvidavam do que estávamos a fazer e que outros escarneciam do entusiasmo que colocávamos na empreitada, porque não necessitámos de mais que isso para nos deixar empolgar e galvanizar.
Quando em 1 de Outubro de 1993 arrancámos com a então SPADA (Serviço Permanente de Apoio à Dor Aguda do Pós-Operatório) – foi assim que permitiram que então nos chamássemos – éramos tão poucos que nem a totalidade do Serviço de Anestesiologia abraçou o projecto.
Mas os níveis de satisfação (de doentes e profissionais) começaram a aparecer, os bons resultados e diminuição de morbilidade também, as rotinas a implicar menos esforço, as resistências a esfumarem-se e não demorou um ano para que a adesão do Serviço tivesse sido total.
Seguiu-se a melhoria das práticas, a cada vez mais rigorosa política de registos, a regular análise de problemas, a sistemática inquietação por respostas, o enorme investimento na formação, a constante divulgação e a indispensável informatização (toda ela financiada pelo Serviço).
Nunca houve autoestradas, mas deixámos de sentir as pedras do caminho.
Foi aliás o reconhecimento pelo sucesso deste projeto que nos levou à ousadia da edição de um mais vasto Manual de Procedimentos que abrangesse o fundamental de toda a operacionalidade do Serviço de Anestesiologia.
Partíamos outra vez às nossas custas, em busca de patrocínios e sem sabermos bem onde queríamos chegar, mas hoje, muito mais do que gostarmos do Manual (e gostamos muito), revemo-nos nele.
A edição deste ano reflete, por tudo o que acabei de referir, o ambiente festivo que não abdicamos de sentir.
Quando a sua distribuição se iniciar, já teremos realizado 3 acções de formação sobre Analgesia Pós-Operatória, integradas nas iniciativas que entendemos promover para a comemoração dos 20 anos da Unidade de Dor Aguda.
Disponibilizaremos ainda, este ano, para além da habitual versão em PDF que estará no nosso website (www.oncoanestesia.org) e no da SPA (www.spanestesiologia.pt), um link para uma versão e-paper que permitirá ler o Manual folheando as páginas como se de um livro se tratasse (só poderá correr em PC).
Haverá mais novidades para breve.
Como todas as edições anteriores do Manual de Procedimentos, também a deste ano foi completamente revista e até acrescentada de um capítulo sobre pacemakers, “Anestesia em doentes portadores de dispositivos cardíacos eletrónicos”.
Vamos andando.
José M. Caseiro
Novembro 2013