In The New York Times Magazine. Fev 25, 2016
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Fanny Burney
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Fanny Burney…
Fanny Burney nasceu em 13 de junho de 1752. Na sua infância conviveu com a melhor sociedade londrina onde estava perfeitamente integrada. Durante 5 anos (1786-1791), trabalhou na corte de George III e da rainha Charlotte.
Destacou-se como romancista tendo publicado vários livros célebres: “Evelina”, “The History of A Young Lady´s Entrance into the World”.
Em 1793 Fanny Burney casou com Alexandre Jean Baptiste Piochard d´Arblay, general do exército de Luís VI.
Em 1802 Fanny e a sua família foram viver para França durante 10 anos. É neste período, mais concretamente em 30 de setembro de 1811, que é sujeita a mastectomia direita por suspeita de carcinoma da mama. Durante a cirurgia, recusou qualquer fármaco ou álcool!… 9 meses depois escreve uma carta a sua irmã Esther descrevendo os horrores da cirurgia sem anestesia…
“A doctor gives her a wine cordial, the only anesthetic she receives. Waiting for all the doctors to arrive causes her agony, but at three o’clock, “my room, without previous message, was entered by 7 Men in black”.
When the dreadful steel was plunged into the breast—cutting through veins, arteries, flesh, nerves—I needed no injunctions not to restrain my cries. I began a scream that lasted unintermittingly during the whole time of the incision—& I almost marvel that it rings not in my Ears still! so excruciating was the agony. When the wound was made, & the instrument was withdrawn, the pain seemed undiminished, for the air that suddenly rushed into those delicate parts felt like a mass of minute but sharp & forked poniards, that were tearing the edges of the wound— but when again I felt the instrument—describing a curve—cutting against the grain, if I may so say, while the flesh resisted in a manner so forcible as to oppose & tire the hand of the operator, who was forced to change from the right to the left—then, indeed, I thought I must have expired.
I attempted no more to open my Eyes, —they felt as if hermetically shut, & so firmly closed, that the Eyelids seemed indented into the Cheeks. The instrument this second time withdrawn, I concluded the operation over—Oh no! presently the terrible cutting was renewed—& worse than ever, to separate the bottom, the foundation of this dreadful gland from the parts to which it adhered—Again all description would be baffled—yet again all was not over,—Dr Larry rested but his own hand, &—Oh Heaven!—I then felt the Knife tackling against the breast bone—scraping it! …not for days, not for Weeks, but for Months I could not speak of this terrible business without nearly again going through it! I could not think of it with impunity! …& this miserable account, which I began 3 Months ago, at least, I dare not revise, nor read, the recollection is still so painful.”
O relatório médico da operação refere que foram necessárias 3 horas e 45 minutos para remover a mama direita…
Fanny Burney viveu mais 29 anos. É impossível determinar se o seu tumor era realmente maligno…
Este pequeno texto revela a importância que a Anestesia trouxe para o desenvolvimento da cirurgia ao permitir hoje em dia todo o tipo de intervenções cirúrgicas sem qualquer sofrimento para o doente.
Na próxima semana, descubra porque é que… Edward Squibb, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Richard Lovell Edgeworth
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Richard Lovell Edgeworth…
Hoje vamos falar um pouco sobre Richard Lovell Edgeworth. Nascido em Bath, Inglaterra em 13 de Maio de 1744, desde cedo se notabilizou na escola pelo interesse que dedicava à mecânica.
Durante a sua longa carreira foi membro do Parlamento e Fellow da Royal Society. Foi amigo do filósofo francês Rousseau, do engenheiro James Watt e de Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin.
Edgeworth foi desde muito novo um profícuo autor e inventor. Uma das suas invenções foi o tellogaph para o que foram construídas 30 torres nas 130 milhas que separam Galway e Dublin. Com este sistema, as mensagens codificadas eram transmitidas em 8 minutos! No entanto o clima irlandês impedia uma visão consistente entre as torres, pelo que o projecto não teve o sucesso desejado.
Edgeworth foi pai de 22 crianças das suas 4 mulheres!…
A sua ligação à Anestesiologia prende-se com o facto de ter sido um dos patronos financeiros do Beddoe´s Pneumatic Medical Institute, onde foram realizadas múltiplas experiências com o protóxido de azoto.
Uma das suas filhas, Anna, casou com Thomas Beddoes que em conjunto com Humphry Davy e vários outros investigadores estudaram em Bristol (1799-1800), as propriedades da inalação do protóxido de azoto. Outra das suas filhas, Maria, tornou-se escritora e observou e descreveu frequentemente experiências com o protóxido de azoto.
Edgeworth faleceu em 1817.
Na próxima semana, descubra porque é que Fanny Burney, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Hans Christian Andersen
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Hans Christian Andersen!…
Em 2 de abril de 1805 nasceu em Odense o famoso autor dinamarquês Hans Christian Andersen.
Durante a sua vida fez um grande número de viagens que descreveu minuciosamente no seu diário.
Em agosto de 1847 visitou a Escócia mais precisamente Edimburgo durante vários dias. A sua visita “agitou” a vida social local pelo que foi convidado a jantar com muitas celebridades. Na noite de 17 de Agosto a celebridade com quem jantou, juntamente com outras personalidades, foi com o proeminente médico, James Young Simpson. Na sua autobiografia Andersen escreveu que “…in the large circle which was gathered there several experiments were made with breathing in ether. I thought it distasteful, especially to see ladies in this dreamy intoxication…there was something unpleasant about it, and I said so, recognizing at the same time that it was a wonderful and blessed invention to use in painful operations, but not to play with; it was wrong to do it; it was almost like tempting God; a worthy old gentleman took my part and said the same; by asserting what I did, I seemed to have won his heart.”
Simpson só descobriu as propriedades anestésicas do clorofórmio passados uns meses em novembro deste mesmo ano!…
Andersen faleceu em Copenhaga em 4 de agosto de 1875.
Na próxima semana, descubra porque é que Richard Lovell Edgeworth, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Workshop – O Anestesiologista na Analgesia Pós-Operatória
A APAO, Associação Portuguesa de Anestesia Oncológica, realizará a 29 de setembro de 2017 um Workshop destinado a anestesiologistas (Internos de Formação Específica e Especialistas), versando a temática da Analgesia Pós-Operatória.
Poderão inscrever-se até 50 anestesiologistas, sendo a inscrição gratuita e patrocinada pelo Laboratório Grunenthal.
Os interessados em frequentar este Workshop deverão contactar o respetivo delegado, no seu hospital de origem.
Conforme o programa que se anexa, esta ação de formação inclui avaliação final de conhecimentos e decorrerá no Hotel Açores Lisboa, situado na Av. Columbano Bordalo Pinheiro, nº3, 1070-060 Lisboa.
Presidente da APAO
Dr. Isabel Serralheiro
Humphry Davy
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Humphry Davy!…
Humphry Davy nasceu em Penzance Cornwall, Inglaterra em 17 de dezembro de 1778. Foi uma mente brilhante e distinguiu-se como químico e inventor. Das suas múltiplas invenções e descobertas destaca-se a “Davy lamp” que permitia aos mineiros das minas de carvão trabalharem em segurança sem o risco de explosões pela presença de gases inflamáveis.
Mas qual foi o seu contributo para a Anestesiologia?
Em 17de abril de 1799, Humphry Davy publicou uma carta em que anunciava ao mundo que o protóxido de azoto podia ser inalado por seres humanos. Esta constatação resultava do trabalho desenvolvido desde 1798 no “Pneumatic Institution” em Bristol, juntamente com outros cientistas conhecidos de que se destacava Thomas Beddoes.
Em Julho de 1800 Davy publica o seu livro sobre as suas pesquisas com o protóxido de azoto, intitulado “Researches, Chemical and Philosophical; Chiefly Concerning Nitrous Oxide, or Dephlogisticated Nitrous Air, and its Respiration”.
Em 1801 Humphry Davy muda-se para “The Royal Institution” em Londres onde exerce as funções de Professor de Química entre 1802- e 1813. É neste local que aprofunda as suas pesquisas sobre o protóxido de azoto.
Foi Presidente da Royal Society entre 1820-27.
É de Humphry Davy esta frase lapidar sobre a importância do protóxido de azoto no desenvolvimento da Anestesiologia…
“As nitrous oxide in its extensive operation appears capable of destroying physical pain, it may probably be used with advantage during surgical operations in which no great effusion of blood takes place.”
Na próxima semana, descubra porque é que Hans Christian Andersen, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Jean Baptiste Denis
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Jean Baptiste Denis…
Jean-Baptiste Denis, astrólogo e médico parisiense nascido em 1640 torna-se célebre em 15 de Junho de 1667 ao realizar a primeira transfusão sanguínea envolvendo um ser humano.
Apesar do seu título de médico ser de origem muito duvidosa, não há dúvida que desde muito novo Jean Baptiste Denis se interessou pela circulação sanguínea, principalmente após os trabalhos de William Harvey. Mas foram as transfusões de sangue em seres humanos que o motivaram especialmente dando origem à maior controvérsia médica do seu tempo.
Nesta famosa data, Jean Baptiste Denis transfundiu um jovem febril e prostrado com sangue de cordeiro tendo o doente recuperado rapidamente do seu estado de letargia. Estes resultados encorajadores levaram-no a realizar uma segunda transfusão num vigoroso homem de 45 anos que se encontrava paralisado numa cadeira de rodas. Administrou-lhe sangue de carneiro e o doente retomou o seu trabalho no dia seguinte! Após estes bons resultados outros se seguiram menos bons, o que começou a alimentar uma controvérsia crescente sobre as transfusões. Esta controvérsia atingiu o auge após a morte de um paciente. Foi acusado de homicídio pela mulher e apesar do tribunal o ter sentenciado como inocente, proibiu a realização de mais transfusões sanguíneas.
Com estes maus resultados Denis tornou-se mais céptico em relação aos benefícios das transfusões, pelo que se dedicou com maior interesse a outras ciências e à matemática, não voltando a praticar medicina ou a realizar novas transfusões sanguíneas. Pouco tempo depois as transfusões foram banidas da Europa. Foi necessário esperar mais um século para aparecerem os primeiros trabalhos de transfusões sanguíneas humano-humano. Morreu subitamente em 3 de Outubro de 1704. Jean Baptiste Denis foi mais uma das mentes brilhantes demasiado avançadas para o seu tempo o que o conduziu à incompreensão generalizada e à amargura com que viveu os últimos anos da sua vida. |
Na próxima semana, descubra porque é que Johann Quistorp, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Protóxido de Azoto
Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é o Sr. “Protóxido de Azoto”…
Uma das principais personalidades responsável pelo primeiro grande revés na história da anestesia foi o sr. … Protóxido de Azoto!
Já falámos anteriormente da influência que este agente inalatório teve na desacreditação de Horace Wells.
Mas qual é a origem deste gás, também chamado de “gás hilariante”?
Este gás foi descoberto em 1771 por Joseph Priestley juntamente com o oxigénio. Só em 1789 Humphrey Davy, um dentista com 17 anos usou este gás para aliviar dores de dentes. A partir daqui extrapolou conceitos muito interessantes…
“As nitrous oxide in its extensive operation appears capable of destroying physical pain, it may probably be used with advantage during surgical operations in which no great effusion of blood takes place.”
Apesar destas recomendações e deste espírito visionário, o interesse popular sobrepôs-se ao interesse científico. Festas com o “gás hilariante” tornaram-se comuns entre os estudantes de medicina e em diversões públicas…
Em 1844 Horace Wells tenta da forma desastrosa, já descrita anteriormente, realizar a primeira anestesia geral. O resultado foi a ostracização do protóxido de azoto até ao início de 1860 altura em que Andrews introduziu o conceito de mistura deste gás com o oxigénio. Esta mistura tem-se mantido até hoje na prática anestésica.
Desde os tempos de Horace Wells este gás foi considerado inócuo. Só em 1956 é descrita pela primeira vez a associação do protóxido de azoto a problemas hematológicos. A partir de então e apesar de manter a sua utilidade como agente terapêutico o protóxido de azoto tem sido estudado exaustivamente e têm-lhe sido imputados efeitos secundários graves (ex: teratogenicidade, e abortos espontâneos), quando as pessoas são expostas a concentrações elevadas durante muito tempo.Ultimamente até tem sido acusado de ser um dos principais responsáveis pelo “efeito de estufa”!…
Assim, é interessante verificar como o protóxido de azoto apesar dos azares que protagonizou e dos efeitos nocivos que lhe são imputados, continua a ser ainda hoje em dia um fármaco com ampla aplicação e com propriedades muito cativantes para a comunidade anestésica mundial.
Na próxima semana, descubra porque é que John Collins Warren, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
Manual de Procedimentos 2016 – Lançamento da edição digital
“Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário. “
Albert Einstein
Neste conturbado ano de 2015, marcado ainda pela crise (nacional e internacional) e mais recentemente pelo drama dos refugiados sírios, foi também para o Serviço de Anestesiologia do IPOLFG um ano profundamente marcado por algo já anunciado, mas de que ainda não se tinha tomado consciência absoluta – a precoce e voluntária aposentação do seu carismático Diretor, Dr. José Manuel Caseiro.
Esta décima edição do Manual de Procedimentos do Serviço de Anestesiologia do IPOLFG – PROCEDIMENTOS 2016 – marca assim uma nova fase do Serviço, sem o importante contributo de uma pessoa que pelas suas qualidades de liderança, conferiu a este Serviço de Anestesiologia uma dinâmica e uma capacidade de intervenção na nossa área profissional, de que todos muito nos orgulhamos.
Para os elementos do Serviço de Anestesiologia do IPOLFG trata-se de um desafio, já assumido, de tudo fazer para continuar, melhorar e desenvolver a cada passo, toda a atividade deste grupo que teve o privilégio de ser dirigido pelo Dr. José Manuel Caseiro.
Quanto a mim, confesso que tenho vivido estes últimos tempos com alguma ansiedade, face às dúvidas que se me colocaram no início deste projeto.
Passada esta primeira fase, as dúvidas vão-se desvanecendo à medida que o projeto se vai consolidando. Não foi fácil chegar aqui e tenho a noção de que cada vez mais vai ser difícil obter os meios necessários para dar continuidade a esta tarefa.
Nesta edição do nosso manual, para além da revisão e atualização que sempre fazemos, abrimos espaço para mais dois capítulos: “Anestesia Geral Endovenosa (TIVA) com Recurso a “Target Controlled Infusion” (TCI)” e “Abordagem Perioperatória de Doentes com Elevado Consumo de Álcool”.
Além destes dois capítulos novos, introduzimos ainda três novos Auxiliares da Atividade Anestésica: “Tabela de Valores Auxiliares para Interpretação de Ecocardiograma”, “Algoritmo para Abordagem da Estenose Aórtica Grave em Cirurgia Eletiva Não Cardíaca” e “Algoritmo para Avaliação Pré-Operatória para Cirurgia Torácica”.
Quanto às dificuldades, que parecem avolumar-se, deixam no ar o espectro da dúvida de se no próximo ano aqui nos continuaremos a encontrar.
A edição anual é indiscutivelmente um dos nossos objetivos, mas se for absolutamente inevitável, evoluirá para publicação bianual, de modo a dar continuidade a esta tarefa de reconhecida pertinência.
Isabel Serralheiro
Novembro 2015
Anesthesia Basic Support
Anesthesia Basic Support é o novo suporte básico para anestesistas produzido pelo serviço de anestesiologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil.
Esta aplicação é baseada no manual de procedimentos do serviço de anestesiologia do IPOLFG.Já está disponível para dispositivos android na google play e brevemente estará disponível para dispositivos IOS na app store da apple,
Veja aqui algumas imagens do seu novo suporte básico.