Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Samuel Guthrie.
No ano de 1782, nasceu em Hounsfield, Nova Iorque, Samuel Guthrie. Mente brilhante, ficou conhecido por diversas invenções de que se destacam
vários sistemas relacionados com armas de fogo, que revolucionaram os conceitos existentes na época.
Para além destas suas actividades “lúdicas”, Samuel Guthrie foi um homem de negócios de sucesso, mais conhecido por manufacturar “chloric ether”, vinagre e “priming powder” para armas de fogo. Em 1830, inventou também um processo de conversão do amido da batata em melaço e ficou famoso pelo álcool que destilava!…
As bases académicas de todo este processamento mental extraordinário, foram adquir
idas nos estudos que efectuou durante o Inverno de 1810-1811 no “College of Physicians and Surgeons of New York”. Em janeiro de 1815, assistiu às aulas na “University of Pennsylvania”. Estes cursos constituíram toda a sua educação formativa! Com esta formação, dedicou-se à Medicina e essencialmente à Química prática.
Em relação à sua actividade médica e após o seu casamento aos 22 anos com Sybil Sexton, mudou-se para Harbor Sackets, Nova Iorque, onde exerceu Medicina como “médico rural”.
Mas foi em 1831 que Samuel Guthrie fez a descoberta que o celebrizou na Medicina: a descoberta do clorofórmio! Esta substância, resultou da destilação da cal com álcool num barril de cobre. Foi usada com sucesso em anestesias para amputação de membros. Simultaneamente, o clorofórmio foi descoberto, em investigação independente da de Guthrie, pelo cientista francês Eugène Soubeiran (Outubro de 1831) e por Justus Liebig em Novembro de 1931. No entanto, Guthrie publicou a sua descoberta no Verão de 1832, pelo que é consensualmente reconhecido co
mo o descobridor “oficial”, após um processo moroso em que os interessados se degladiaram energicamente. Foi necessário um comité de investigação proposto pela sociedade médico-cirúrgica de Edimburgo para apaziguar esta contenda.
Guthrie faleceu em Sacket Harbor, N.Y., em 19 de outubro de 1848.
Para a Medicina em geral e para Anestesia em particular Guthrie deixou-nos como legado o clorofórmio, líquido volátil não inflamável, sem cor, com um odor característico e um gosto adocicado. Durante quase um século foi um dos fármacos mais utilizados em Anestesia graças à sua eficácia, ao seu baixo custo, ao seu elevado perfil de segurança e à sua facilidade de administração prati
camente desprovida de material específico. Por estas características foi o fármaco mais usado em cenário de guerras tendo o seu declínio sido acentuado após a Primeira Guerra Mundial. As suas características já enunciadas levam a que haja quem advogue em pleno século XXI que o ensino da sua manipulação deve continuar a ser ensinado…
Na próxima semana, descubra porque é que Theodoric Borgognoni, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!
No entanto as primeiras descrições pormenorizadas sobre o uso de técnicas anestésicas em cenários de guerra reportam ao conflito militar entre os Estados Unidos e o México em 1847. Dois meses após a demonstração da primeira operação indolor com éter por William Morton, Edward H. Barton e John B. Porter administraram éter no campo de batalha para a realização de a
mputação dos membros!
Posteriormente na Guerra da Crimeia (1853-1856) e na Guerra Civil Americana (1861-1865), o éter, o clorofórmio ou a combinação dos dois anestésicos foram usados rotineiramente com este objectivo.
ue a par da utilização da anestesia loco-regional e local, se desenvolveu o “Flagg can” um vaporizador de éter para anestesiar. Este utensílio, ainda foi muito útil na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando os equip
amentos anestésicos e/ou os gases comprimidos não estavam disponíveis.
Hospital de Santo André, 9 de Fevereiro de 1874, 17 horas. O professor Pierre-Cyprien Oré (1828-1891), cirurgião do hospital, resolve tratar em regime de urgência um doente do sexo masculino de 52 anos, com tétano em fase aguda. Para isso, submeteu-o a uma sedação com hidrato de cloral, graças ao método das injeções endovenosas. É injetado por duas vezes na veia basílica, 9 g de hidrato de cloral diluído em 10 g de água. O doente, quase instantaneamente, «cai num sono profundo e tranquilo. A rigidez muscular desaparece e a respiração torna-se calma e regular. A anestesia foi tão completa que pude explorar o dedo traumatizado sem qualqu
er limitação, o que era impossível com o doente acordado. Decidi fazer a extração do prego sem qualquer queixa do doente. O sono durou cerca de 11 horas». No total, Oré fez 4 injeções. O doente curou-se e voltou para sua casa em 28 de fevereiro. Oré admitiu que esta foi a primeira anestesia endovenosa que se realizou.
Snow efectuou a primeira administração clínica de Amileno, um gás anestésico até aí investigado apenas em animais.
entos cirúrgicos sem o pavor e a dor outrora vulgarmente aceites. A sua grande reputação advém do facto de ter administrado clorofórmio à rainha Victoria durante o parto dos seus dois últimos filhos, Leopold (1853) e Beatrice (1857). Estes acontecimentos históricos conduziram à grande aceitação na Europa da anestesia em obstetrícia.
Medical e no Surgical Journal sobre o uso de amileno (fornecido por John Snow), na extração de uma unha encravada e num caso de obstetrícia. A história do amileno tem um episódio muito interessante e que é interpretado por um correspondente do New York Times que descreve de uma forma delirante uma cirurgia em que é utilizado amileno para anestesiar um doente com “necrose da tíbia”. É a seguinte a descrição do jornalista: “She did not go to sleep, and yet sh
e felt no pain; her eyes remained open during the whole operation, which lasted nearly an hour….” O amileno ganhou alguma popularidade na Alemanha e na Grã-Bretanha até ao fim do século XIX.
rd R. Squibb.
858, fundou a Squibb Pharmaceutical Co.. A sua companhia tinha como objectivo produzir fármacos que fossem eficazes, com princípios activos puros e
padronizados, facto que não acontecia nos medicamentos existentes na época. Dos primeiros medicamentos encomendados, destacam-se: o clorofórmio, o éter e a cocaína.



a editora de 100.
dúvida admirado estes sentimentos.