Manual de Procedimentos 2015 – lançamento da edição digital

Procedimentos 2015“O que mais desespera, não é o impossível. Mas o possível não alcançado.”
Robert Mallet
1915-2002, poeta, França

“Não é um notável talento o que se exige para assegurar o êxito em qualquer empreendimento, mas sim um firme propósito”
Thomas Atkinson
1799-1861, arquitecto, Inglaterra

Num ano de efemérides, já que 2014 corresponde aos 50 anos da síntese do pancuronio e do propanolol e da fundação das Sociedades de Anestesiologia dos Povos de Língua Portuguesa (III Congresso Mundial de Anestesiologia em S.Paulo), assinalando também os 40 anos do 25 de Abril e os 35 anos do SNS, publicamos a nona edição consecutiva do Manual de Procedimentos do Serviço de Anestesiologia do IPOLFG – denominada PROCEDIMENTOS 2015.

Todas aquelas datas nos dizem respeito e nos merecem respeito.

Não sei o que imaginariam os protagonistas daqueles acontecimentos sobre o futuro que representa hoje o nosso tempo, mas recuso determinantemente a noção de que não valeu a pena.

Quero acreditar que a ansiedade com que olhamos os próximos tempos também venha a desvanecer e permita a conclusão de que valeu a pena termos passado pelo que agora vivemos.

Mas que não está a ser fácil, não está.

Invade-me o sentimento de que algo mais poderia ter sido feito e muito ter sido evitado, mas tudo fica mais complicado quando, em vez de apontar o dedo, transfiro para mim a interrogação do que deixei de fazer ou do que activamente fiz para lá do habitual.

Não preciso de me sentir responsável (ou co-responsável) mas não consigo deixar de me sentir desconfortável.

Também o Serviço não se terá agigantado perante as circunstâncias, mas não abdicou de manter o compromisso que quis assumir quando iniciou esta ciclópica aventura de divulgar os procedimentos que adopta na sua actividade assistencial.

Venho a anunciar dificuldades há alguns anos, principalmente no que diz respeito à obtenção dos necessários meios para que esta tarefa não termine, mas o conhecimento da realidade que vivemos lembra-me sistematicamente que esse momento estará mais próximo do que temia.

É por isso mesmo que passámos a construir cada edição como se fosse a última e, portanto, com o mesmo entusiasmo com que produzimos a primeira.

Em breve anunciaremos uma aplicação para dispositivos móveis que disponibilizará o conteúdo mais dinâmico deste Manual, sem o intuito de o substituir mas sim complementá-lo.

Nesta edição, para além da obrigatória revisão que sempre fazemos, abrimos espaço para mais dois capítulos que sempre constituíram preocupação para nós e que agora foram elevados a procedimento consensual: a “Profilaxia Antibiótica Cirúrgica” e as “Convulsões”.

Também foi modificado todo o capítulo sobre o “Manuseio Perioperatório dos Doentes Medicados com Antiagregantes Plaquetários e Anticoagulantes”, uma vez que passámos a adotar, como procedimento, o documento final do guia de consenso 2014, que também subscrevemos, brilhantemente produzido por um grupo de trabalho que se formou no seio da SPA e com o qual nos orgulhamos de ter colaborado.

Se for esta a última vez que divulgamos os nossos procedimentos, desespera-nos – citando Mallet – o possível não alcançado.

Se não for a última, fica o firme propósito de o repetirmos no próximo ano.

José M. Caseiro
Novembro 2014