Jules Cloquet

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é… Jules Cloquet!

Quem foi Jules Germain Cloquet
Jules Cloquet, nasceu em 1790. Iniciou a sua actividade profissional como aprendiz de desenhador tal como o seu pai. Em 1810 veio viver para Paris onde frequentou o Curso de Medicina. É nesta altura que se dedica a modelar figuras anatómicas na Faculdade de Medicina de Paris. Em 1817 foi doutorado em Medicina com uma dissertação sobre hérnias abdominais. Em 1819 é nomeado cirurgião e director adjunto  do Hospital de S. Luís onde se especializou no tratamento de hérnias. O seu trabalho granjeou-lhe reconhecimento, pelo que se tornou em 1821 um dos primeiros membros da Academia de Medicina. Em 1824 foi nomeado, após concurso, Professor Agregado de Cirurgia.
Juntamente com a sua carreira académica inicia em 1821 a publicação do seu famoso trabalho “Anatomie de l´homme”. Contém cerca de 1300 ilustrações a maioria desenhada pelo próprio Cloquet e levou 10 anos a ser publicado na íntegra!
Na sua atividade como cirurgião, Cloquet interessou-se pela dor que induzia nos doentes ao efectuar as cirurgias. Sendo uma das suas muitas áreas de interesse o estudo do “mesmerismo”, então muito em voga, Cloquet resolveu aplicar os seus conhecimentos nesta área aos seus doentes.
Em 12 de Abril de 1829, efectuou a sua mais famosa cirurgia num doente sob hipnose. Realizou uma mastectomia com exerese dos gânglios linfáticos axilares numa doente francesa de 64 anos, Madame Plantin, que sofria de carcinoma da mama. O Dr. Chapelain hipnotizou a doente. Durante o seu transe hipnótico, falou calmamente sobre a cirurgia a que iria ser submetida, despiu-se e expôs a mama que iria ser operada. Durante a cirurgia que durou cerca de 12 minutos, conversou descontraidamente com o cirurgião e com o seu médico que segurava o membro superior do lado da mama intervencionada. Não referiu qualquer dor durante todo o procedimento. No pós-operatório, permaneceu em hipnose durante 10 h. A ferida operatória cicatrizou normalmente, mas a doente faleceu 14 dias depois devido a outra doença.
Apesar do êxito deste caso, Cloquet não voltou a efectuar cirurgias em doentes sob hipnose. Segundo dizia, o “mesmerismo” era altamente criticado em Paris, pelo que a repetição da experiência em outros doentes poderia abalar a sua elevada reputação e fazê-lo cair em desgraça!…
Faleceu em 23 de fevereiro de 1883.

Na próxima semana, descubra porque é que “Guerras e anestesia”, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!

Franz Anton Mesmer

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Franz Anton Mesmer

 Em 23 de Maio de 1734 nasce em Iznang, pequena vila próximo do lago Constance (Áustria), Franz Anton Mesmer. Estudou teologia em Ingolstadt e formou-FAM1se em medicina na Universidade de Viena. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e cepticismo. Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico.
Em 1775, após muitas experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente e declara: “De todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia actua sobre o homem”. A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos tratamentos, preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício a maior número de pessoas, magnetizava água, pratos, cama, etc. O seu livro, “Memoire sur la decouverte du magnetisme animal” publicado em 1779 descreve as curas com magnetes e hipnose.
A sua popularidade prosseguiu por muitos anos, mas outros médicos o apelidavam de impostor e charlatão. Em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas actividades. Benjamin Franklin foi um dFAM2os membros dessa comissão, que acabou por constatar a veracidade das curas- Porém as atribuíram não ao magnetismo animal, mas a outras causas fisiológicas desconhecidas…
Em 1792, Mesmer vê-se forçado a retirar-se de Paris, vilipendiado, e instala-se numa pequena cidade suiça, onde vive durante 20 anos sempre servindo os necessitados e sem nunca desanimar nem se queixar. Em 1812, já aos 78 anos, a Academia de Ciências de Berlim convida-o para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a fundo o magnetismo. Era tarde; ele recusa o convite. A Academia encarrega o Prof. Wolfart de entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais belos a respeito do caridoso médico: “Encontrei-o dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em todo o seu ser, em suas palavras e acções, FAM3e uma força maravilhosa de sugestão sobre os enfermos.”
No início de 1814, ele regressou para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos dias até falecer em 05/03/1815.
Vários anos antes da descoberta das propriedades anestésicas do éter por Morton em 1846, alguns cirurgiões ingleses tais como James Esaile, John Elliotson e James Braid utilizaram o mesmerismo como método de alívio da dor cirúrgica e publicaram vários relatos dos seus sucessos.

 Na próxima semana, descubra porque é que…Jean Baptiste Denis, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!