Jean Baptiste Denis

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Jean Baptiste Denis 

Jean-Baptiste Denis, astrólogo e médico parisiense nascido em 1640 torna-se célebre em 15 de Junho de 1667 ao realizar a primeira transfusão sanguínea envolvendo um ser humano. JBD1
Apesar do seu título de médico ser de origem muito duvidosa, não há dúvida que desde muito novo Jean Baptiste Denis se interessou pela circulação sanguínea, principalmente após os trabalhos de William Harvey. Mas foram as transfusões de sangue em seres humanos que o motivaram especialmente dando origem à maior controvérsia médica do seu tempo.
Nesta famosa data, Jean Baptiste Denis transfundiu um jovem febril e prostrado com sangue de cordeiro tendo o doente recuperado rapidamente do seu estado de letargia. Estes resultados JBD2encorajadores levaram-no a realizar uma segunda transfusão num vigoroso homem de 45 anos que se encontrava paralisado numa cadeira de rodas. Administrou-lhe sangue de carneiro e o doente retomou o seu trabalho no dia seguinte! Após estes bons resultados outros se seguiram menos bons, o que começou a alimentar uma controvérsia crescente sobre as transfusões. Esta controvérsia atingiu o auge após a morte de um paciente. Foi acusado de homicídio pela mulher e apesar do tribunal o ter sentenciado como inocente, proibiu a realização de mais transfusões sanguíneas. 

 JBD3Com estes maus resultados Denis tornou-se mais céptico em relação aos benefícios das transfusões, pelo que se dedicou com maior interesse a outras ciências e à matemática, não voltando a praticar medicina ou a realizar novas transfusões sanguíneas. Pouco tempo depois as transfusões foram banidas da Europa.
Foi necessário esperar mais um século para aparecerem os primeiros trabalhos de transfusões sanguíneas humano-humano.
Morreu subitamente em 3 de Outubro de 1704.
Jean Baptiste Denis foi mais uma das mentes brilhantes demasiado avançadas para o seu tempo o que o conduziu à incompreensão generalizada e à amargura com que viveu os últimos anos da sua vida.

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Franz Anton Mesmer

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Franz Anton Mesmer

 Em 23 de Maio de 1734 nasce em Iznang, pequena vila próximo do lago Constance (Áustria), Franz Anton Mesmer. Estudou teologia em Ingolstadt e formou-FAM1se em medicina na Universidade de Viena. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e cepticismo. Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico.
Em 1775, após muitas experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente e declara: “De todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia actua sobre o homem”. A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos tratamentos, preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício a maior número de pessoas, magnetizava água, pratos, cama, etc. O seu livro, “Memoire sur la decouverte du magnetisme animal” publicado em 1779 descreve as curas com magnetes e hipnose.
A sua popularidade prosseguiu por muitos anos, mas outros médicos o apelidavam de impostor e charlatão. Em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas actividades. Benjamin Franklin foi um dFAM2os membros dessa comissão, que acabou por constatar a veracidade das curas- Porém as atribuíram não ao magnetismo animal, mas a outras causas fisiológicas desconhecidas…
Em 1792, Mesmer vê-se forçado a retirar-se de Paris, vilipendiado, e instala-se numa pequena cidade suiça, onde vive durante 20 anos sempre servindo os necessitados e sem nunca desanimar nem se queixar. Em 1812, já aos 78 anos, a Academia de Ciências de Berlim convida-o para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a fundo o magnetismo. Era tarde; ele recusa o convite. A Academia encarrega o Prof. Wolfart de entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais belos a respeito do caridoso médico: “Encontrei-o dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em todo o seu ser, em suas palavras e acções, FAM3e uma força maravilhosa de sugestão sobre os enfermos.”
No início de 1814, ele regressou para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos dias até falecer em 05/03/1815.
Vários anos antes da descoberta das propriedades anestésicas do éter por Morton em 1846, alguns cirurgiões ingleses tais como James Esaile, John Elliotson e James Braid utilizaram o mesmerismo como método de alívio da dor cirúrgica e publicaram vários relatos dos seus sucessos.

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