Pierre-Cyprien Oré

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Pierre-Cyprien Oré

 Bordéus, Hospital de Santo André, 9 de Fevereiro de 1874, 17 horas. O professor Pierre-Cyprien Oré (1828-1891), cirurgião do hospital, resolve tratar em regime de urgência um doente do sexo masculino de 52 anos, com tétano em fase aguda. Para isso, submeteu-o a uma sedação com hidrato de cloral, graças ao método das injeções endovenosas. É injetado por duas vezes na veia basílica, 9 g de hidrato de cloral diluído em 10 g de água. O doente, quase instantaneamente, «cai num sono profundo e tranquilo. A rigidez muscular desaparece e a respiração torna-se calma e regular. A anestesia foi tão completa que pude explorar o dedo traumatizado sem qualquer limitação, o que era impossível com o  doente acordado. Decidi fazer a extração do prego sem qualquer queixa do doente. O sono durou cerca de 11 horas». No  total, Oré fez 4 injeções. O doente curou-se e voltou para sua casa em 28 de fevereiro. Oré admitiu que esta foi a primeira anestesia endovenosa que se realizou.
Em 16 de fevereiro deste mesmo ano, Oré revela esta experiência à Academia Francesa de Ciências. “Ore was very enthusiastic about intravenous anesthesia with chloral hydrate, and believed it to be superior to inhalation anesthesia with ether or chloroform.”
Já dois anos antes Oré tinha publicado um artigo preliminar sobre esta técnica.
Em 1875 publica a primeira monografia sobre a técnica: “Études Cliniques sur L’Anesthesie Chirurgicale par La Methode des Injections de Chloral dans Les Veines”.
Apesar dos sucessos, os trabalhos de Oré suscitaram uma hostilidade quase generalizada devido essencialmente à recuperação lenta dos doentes e à elevada mortalidade. Felizmente M. Deneffe, professor em Gand (Bélgica), propõe a Oré continuar as suas pesquisas na Bélgica. O método pode então desenvolver-se de tal modo que brevemente a anestesia com hidrato de cloral irá substituir a anestesia com clorofórmio no hospital de Gand.

Na próxima semana, descubra porque é que Crawford Long, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!

Christopher Wren

Todas as semanas reveja uma personalidade que por motivos muito diversos está ligada à História da Anestesia. Esta semana, o escolhido é Christopher Wren!Christopher Wren1

Christopher Wren, nascido a 20 de Outubro de 1632, no Sudoeste de Inglaterra, poderia ter-se tornado famoso em vários campos do pensamento mas foi quase por acaso que se tornou o maior arquitecto.
Interessou-se desde cedo por matemática e ciência. Frequentou Oxford e aos trinta anos era professor de astronomia nesta universidade, tendo leccionado de 1661 a 1673. Já famoso como cientista e matemático, começou a carreira de arquitecto aos vinte e nove anos, embora não se considerasse um arquitecto profissional.
A sua relação com a futura ciência que se virá a chamar Anestesia, inicia-se em 1660 quando realiza trabalhos experimentais de transfusão de sangue entre animais, sem grande sucesso, uma vez que a etiologia das incompatibilidades sanguíneas só será descoberta cerca de 250 anos mais tarde pelo imunologista austro-americano Karl Landsteiner (1868–1943).
As suas experiências dignas de realce referem a injeção de substâncias por via endovenosa em animais. Destas injecções a mais célebre foi a realizada em 1665 em que injectou por via endovenosa uma solução aquecida de tintura de ópio num cão usando uma bexiga conectada a uma pena de ave aguçada na extremidade…
Christopher Wren foi com estas experiências, o precursor da anesteChristopher Wren4sia endovenosa que só virá a ter um desenvolvimento significativo cerca de dois séculos mais tarde com Pierre Oré.
Faleceu em 25 de Fevereiro de 1723 e o seu túmulo encontra-se em St. Paul´s Cathedral, a sua obra-prima como arquitecto.

Christopher Wren3Christopher Wren2

 Na próxima semana, descubra porque é que… John Fothergill, mereceu as honras de ser nomeado por este “site”!